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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

SECRETÁRIA DE SAÚDE FAZ BALANÇO SOBRE OS SERVIÇOS PRESTADOS

Passada a primeira fase da tragédia ocorrida em Nova Friburgo, a secretária municipal de Saúde, Jamila Calil, faz uma retrospectiva a partir de 12 de janeiro, um mês após ter assumido a Fundação Municipal de Saúde. Como na maioria dos municípios brasileiros, independente de tragédias, o desafio é prestar um bom atendimento à população.

O Hospital Municipal Raul Sertã é o único público que atende pacientes de uma região formada por 12 municípios, que abrange desde São Sebastião do Alto até Cachoeiras de Macacu. Pacientes que necessitam de cirurgias cardíaca, neurocirurgia ou vascular dirigem à Nova Friburgo. O hospital possui 246 leitos, seis leitos de UTI, seis leitos de unidade coronariana, tomógrafo, Banco de Sangue e Centro de nefrologia.

Embora novata na Secretaria de Saúde no atual governo municipal, Jamila tem experiência na área e conhece muito bem o déficit de profissionais que não atinge só Nova Friburgo. Com esta clareza, após passar a fase emergencial de atendimento, a doutora diz que “a sensação que tem é que uma bomba caiu na nossa cidade e precisamos começar tudo de novo”.

Mas como planejar o futuro? Não diferente de outras áreas, esta é a pergunta que está no ar, mas que a secretária de Saúde acredita que com o apoio dos governos Estadual e Federal, assim como intuições e universidades, há muito que fazer, mas também muito que conquistar.

Enquanto todas as unidades de saúde estavam de alguma forma impedidas de atender a população, o Hospital Municipal Raul Sertã foi o único a funcionar, mesmo que precariamente, no dia tragédia. Apesar de ter sido invadido pela chuva, tanto o setor de emergência, o banco de sangue, o laboratório, a farmácia, a cozinha e o almoxarifado, suas portas estiveram abertas para acolher as primeiras vítimas.

O Hospital São Lucas, por exemplo, precisou encaminhar ao Raul Sertã 32 pacientes, uma vez que havia caído uma barreira no local, comprometendo o serviço. E o acesso ao Hospital Unimed também ficou comprometido por queda de barreira. Felizmente o Hospital Maternidade não foi atingido e as grávidas foram transferidas passaram para o último andar do prédio e a parte de baixo passou a funcionar como hospital geral.

“Apesar de todas as dificuldades atendemos todas as emergências durante 24/48 horas. A logística dos governos Estadual e Federal foi impressionante. O Ministério da Saúde disponibilizou 15 ambulâncias de UTI, que ficaram paradas no pátio da Prefeitura para que pudéssemos transferir os pacientes mais graves e menos graves para outras localidades, até àqueles doentes de baixa complexidade ou pacientes de doenças renais crônicas, que fazem hemodiálise, foram atendidos; e a Secretaria Municipal de Educação cedeu ônibus escolar, que está cedido até hoje, para levar os doentes ao Rio de Janeiro para tratamentos”, desabafa Jamila Calil, acrescentando que jamais se esquecerá da ajuda que Nova Friburgo recebeu dos hospitais de campanha do Corpo de Bombeiros e da Marinha.

Segunda fase

“Estamos fazendo trabalho em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social visitando os 71 abrigos. São visitas periódicas, onde são preenchidas planilhas para obter o resultado de cada visita. Detectado que o local é insatisfatório em questão de saúde pública, nos mobilizamos para que a pessoa seja retirada e transferida para outro abrigo, para que tenha uma atenção diferenciada”, explica a secretária. Entre tantas preocupações, há a do retorno dos voluntários às atividades cotidianas. Mas Jamila também consegue comemorar as 10 ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) que o Governo Estadual se prontificou a deixar no município sob a coordenação da Saúde. Serão duas ambulâncias avançadas, duas ambulâncias básicas e seis ambulâncias para atender a região.

A falta de médico é outra preocupação da secretária, embora Jamila considere uma situação crônica: “pediatra e psiquiatra estão em extinção. O que me preocupa é que a demanda aumentará e continuará aumentando. No primeiro dia da tragédia, os profissionais mais importantes eram o anestesista e ortopedista, pois 90% dos pacientes dependiam desses profissionais porque tinham fraturas. Agora precisamos dos clínicos, psiquiatras, cardiologistas e endócrinos, pois os diabéticos estão descompensados”.

Esta semana, em contato com a Pró-Reitora de Extensão da UFRJ, Laura Tavares, Jamila conversou sobre a situação de Postos de Saúde localizados em áreas distantes do centro, sem condições de atendimento. As três unidades (Riograndina, Amparo e São Geraldo) deverão funcionar com o apoio do Estado, em containers, aos moldes da Unidade de Pronto Atendimento (Upa). 

Tão logo as unidades possam voltar a atender, a secretária de Saúde precisará também de profissionais da área de Saúde Pública para atuar no Programa de Saúde da Família, cuja demanda está centralizada na periferia do município. Para ela, uma segunda fase está só começando e agora será necessário cuidar da população. Atualmente, equipes da Fundação Municipal de Saúde estão divididas. Enquanto umas atendem as urgências do Hospital Raul Sertã e Hospital Maternidade, equipes da Vigilância em Saúde estão em campo.

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